quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SÉRIE QUESTÕES COMENTADAS E RESPONDIDAS 889


O texto abaixo é base para a questão 889.

Havia naquele cemitério uma sepultura em torno ............ a imaginação popular tecera lendas. Ficava ao lado da capela, perto dos grandes jazigos, e consistia numa lápide cinzenta, com a inscrição já ............ apagada por baixo duma cruz em altorrelevo. Seus devotos acreditavam que a alma cujo corpo ali jazia tinha o dom de obrar milagres como os de Santo Antônio. Floriano leu a inscrição: Antônia Weber – Tono – 1895 – 1915. Talvez ali estivesse o ponto de partida para seu próximo romance...
Um jovem novelista visita o cemitério de sua terra e fica particularmente interessado numa sepultura singela a que a superstição popular atribui poderes milagrosos. Vem-lhe então o desejo de, através da magia da ficção, trazer de volta à vida aquela morta obscura. Sai à procura de habitantes mais antigos e a eles pergunta: “Quem foi Antônia Weber?” Alguns nada sabem. Outros contam o pouco de que se lembram. Um teuto-brasileiro sessentão (Floriano já começava a visualizar as personagens, a inventar a intriga), ao ouvir o nome da defunta, fica perturbado e fecha-se num mutismo ressentido. “Aqui há drama”, diz o escritor para si próprio. E conclui: “Este homem talvez tenha amado Antônia Weber...”. Ao cabo de várias tentativas, consegue arrancar dele uma história fragmentada, cheia de reticências que, entretanto, o novelista vai preenchendo com trechos de depoimentos de terceiros. Por fim, de posse de várias peças do quebra-cabeça, põe-se a armá-lo e o resultado é o romance duma tal Antônia Weber, natural de Hannover e que emigrou com os pais para o Brasil e estabeleceu-se em Santa Fé, onde ...
Mas qual! – exclamou Floriano, parando _____ sombra de um plátano e passando o lenço pela testa úmida. Ia cair de novo nos alçapões que seu temperamento lhe armava. Os críticos não negavam mérito a seus romances, mas afirmavam que em suas histórias ............ o cheiro do suor humano e da terra: achavam que, quanto _____ forma, eram tecnicamente bem escritas; quanto ao conteúdo, porém, tendiam mais para o artifício que para a arte, fugindo sempre ao drama essencial. Pouco lhe importaria o que os outros pensassem se ele próprio não estivesse de acordo com essas restrições. Chegara _____ conclusão de que, embora a perícia não devesse ser menosprezada, para fazer bom vinho era necessário antes de mais nada ter uvas, e uvas de boa qualidade. No caso do romance a uva era o tema – o tema legítimo, isto é, algo que o autor pelo menos tivesse sentido, se não propriamente vivido. Adaptado de: VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento: o retrato. V 2. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. P. 331-333.

889. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas de traço contínuo, na ordem em que se encontram

(A) à – à - a
(B) a – à – à
(C) à – à – à
(D) à – a – à
(E) a – a – a

Comentários.

Questão sobre crase.

A primeira lacuna de traço contínuo, no trecho “Mas qual! – exclamou Floriano, parando _____ sombra de um plátano e passando o lenço pela testa úmida”, deve ser preenchida com a contração de preposição “a” com artigo “a”, portanto “à”, por se tratar de locução adverbial feminina, como “estar à espera”, “ficar à disposição”...

A segunda lacuna de linha de traço contínuo, no trecho “[...] o cheiro do suor humano e da terra: achavam que, quanto _____ forma, eram tecnicamente bem escritas [...]”, deve ser também preenchida com a contração de preposição “a” com artigo “a”, portanto “à”, uma vez que o termo “quanto” exige complemento na forma de preposição “a” e a palavra “forma” é feminina, como em “quanto à beleza”, “quanto à elegância”.

Finalmente, quanto à terceira lacuna de traço contínuo, no trecho “Chegara _____ conclusão de que [...]”, deve haver contração de preposição “a” com artigo “a”, portanto “à”, porque o verbo “chegar”, em “Chegara”, exige preposição “a” (quem chega chega a) e “conclusão” é palavra feminina.

Resposta: C.

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