quarta-feira, 22 de agosto de 2012

SÉRIE QUESTÕES COMENTADAS E RESPONDIDAS 888


O texto abaixo é base para a questão 888.

Havia naquele cemitério uma sepultura em torno ............ a imaginação popular tecera lendas. Ficava ao lado da capela, perto dos grandes jazigos, e consistia numa lápide cinzenta, com a inscrição já ............ apagada por baixo duma cruz em altorrelevo. Seus devotos acreditavam que a alma cujo corpo ali jazia tinha o dom de obrar milagres como os de Santo Antônio. Floriano leu a inscrição: Antônia Weber – Tono – 1895 – 1915. Talvez ali estivesse o ponto de partida para seu próximo romance...
Um jovem novelista visita o cemitério de sua terra e fica particularmente interessado numa sepultura singela a que a superstição popular atribui poderes milagrosos. Vem-lhe então o desejo de, através da magia da ficção, trazer de volta à vida aquela morta obscura. Sai à procura de habitantes mais antigos e a eles pergunta: “Quem foi Antônia Weber?” Alguns nada sabem. Outros contam o pouco de que se lembram. Um teuto-brasileiro sessentão (Floriano já começava a visualizar as personagens, a inventar a intriga), ao ouvir o nome da defunta, fica perturbado e fecha-se num mutismo ressentido. “Aqui há drama”, diz o escritor para si próprio. E conclui: “Este homem talvez tenha amado Antônia Weber...”. Ao cabo de várias tentativas, consegue arrancar dele uma história fragmentada, cheia de reticências que, entretanto, o novelista vai preenchendo com trechos de depoimentos de terceiros. Por fim, de posse de várias peças do quebra-cabeça, põe-se a armá-lo e o resultado é o romance duma tal Antônia Weber, natural de Hannover e que emigrou com os pais para o Brasil e estabeleceu-se em Santa Fé, onde ...
Mas qual! – exclamou Floriano, parando _____ sombra de um plátano e passando o lenço pela testa úmida. Ia cair de novo nos alçapões que seu temperamento lhe armava. Os críticos não negavam mérito a seus romances, mas afirmavam que em suas histórias ............ o cheiro do suor humano e da terra: achavam que, quanto _____ forma, eram tecnicamente bem escritas; quanto ao conteúdo, porém, tendiam mais para o artifício que para a arte, fugindo sempre ao drama essencial. Pouco lhe importaria o que os outros pensassem se ele próprio não estivesse de acordo com essas restrições. Chegara _____ conclusão de que, embora a perícia não devesse ser menosprezada, para fazer bom vinho era necessário antes de mais nada ter uvas, e uvas de boa qualidade. No caso do romance a uva era o tema – o tema legítimo, isto é, algo que o autor pelo menos tivesse sentido, se não propriamente vivido. Adaptado de: VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento: o retrato. V 2. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. P. 331-333.

888. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas pontilhadas, na ordem em que se encontram.

(A) do qual – meia - faltavam
(B) da qual – meio – faltava
(C) da qual – meio – faltavam
(D) do qual – meio – faltavam
(E) da qual – meia – faltava

Comentários.

Questão sobre regência e concordância.

A primeira lacuna de linha pontilhada, no trecho “Havia naquele cemitério uma sepultura em torno ............ a imaginação popular tecera lendas”, deve ser preenchida com “da qual”, porque se refere à “sepultura” (feminino, portanto “da”).

A segunda lacuna de linha pontilhada, no trecho “Ficava ao lado da capela, perto dos grandes jazigos, e consistia numa lápide cinzenta, com a inscrição já ............ apagada por baixo duma cruz em altorrelevo”, deve ser preenchida com o advérbio “meio”, que não varia, haja vista estar modificando o sentido do adjetivo “apagada”.

Quanto à terceira lacuna de linha pontilhada, no trecho “Os críticos não negavam mérito a seus romances, mas afirmavam que em suas histórias ............ o cheiro do suor humano e da terra [...]”, deve aparecer “faltava”, pois o núcleo do sujeito deste verbo é “cheiro”, no singular.

Resposta: B.

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