terça-feira, 2 de novembro de 2010

Presidentes ou presidentas?

Desde que Cristina Kirchner assumiu a presidência da Argentina, uma das primeiras atitudes da sucessora da casa Rosada foi determinar a substituição de placas de identificação: as em que estava escrito “presidente” foram trocadas para “presidenta”.

Michelle Bachelet provavelmente também tenha enveredado pelo mesmo caminho.

Agora vem Dilma Rousseff, que, embora não tenha assumido a presidência do Brasil – pois recém foi eleita -, talvez tome igual atitude, a ver pela sanha dos seus correligionários petistas que, ao longo de toda a campanha eleitoral e logo depois de eleita, insistem em pronunciar e escrever “presidenta”.

Como tal palavra não existe, embora alguns dicionários a registrem mesmo contra a vontade da Gramática, o termo pode ser atribuído ao “Lulês” ou “PeTês”, ou seja, línguas não oficiais mantidas e prestigiadas pelo pessoal da estrelinha amarela no fundo vermelho.

Afinal o que é certo: presidente ou presidenta?

Em Língua Portuguesa, existem os chamados particípios ativos que funcionam como derivativos verbais. Vamos entender: particípio porque são palavras que apresentam determinados finais comuns e ativos porque dizem respeito a alguma atividade, função, ocupação ou profissão; são derivativos verbais porque vêm de verbos: atacante vem do verbo atacar; mendicante vem do verbo mendigar; estudante vem de estudar; existente vem do verbo existir; o particípio ativo do verbo “ser” é “ente”: ente é aquele que é. Vê-se e se ouve frequentemente: a família perdeu sua ente querida, seu ente querido. Até aqui, já se pode observar a unidade genérica da palavra, que é comum de dois, isto é, aceita os dois gêneros, mas não se altera, apenas o artigo é trocado.

Dessa forma, ao designar alguém com capacidade para o exercício de uma ação que expressa um verbo, deve-se adicionar à raiz verbal os sufixos “-ante”, “-ente”, “-inte” e “-unte” (esse último é caso raro, pois só conheço “transeunte”, que é aquele que transita).

Portanto a pessoa que PRESIDE é PRESIDENTE, e não “presidenta”, independentemente se for homem ou mulher. Daí por que se diz – e se escreve – estudante, não “estudanta”, adolescente, não adolescenta, paciente, não “pacienta”, parente, não “parenta”, navegante, não “naveganta”.

Imaginemos: “a candidata a presidenta, hoje eleita, se comportou como uma adolescenta pouco pacienta que imaginava ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta”.

Aqui vai uma sugestão de carta à Dilma, colhida na Internet e sem identificação autoral:

Senhora Dilma Rousseffa.

Desejo que um dia a senhora venha a ser mais naturalmente sorridenta, uma dirigenta política menos impacienta e menos incompetenta como gerenta do PAC. E faça o que não fez como adolescenta: seja uma boa estudanta de Português, para seu neto ficar contento ao ouvi-la falar.

O povo brasileiro e a Língua Portuguesa agradecem.

Prof. Menegotto®
02-nov-2010