terça-feira, 27 de março de 2012

SÉRIE QUESTÕES COMENTADAS E RESPONDIDAS 799


A PARTIR DE 19 DE MARÇO DE 2012 E ATÉ 21 DE ABRIL DE 2012, SERÁ POSTADA DIARIAMENTE UMA QUESTÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA DE CONCURSO ELABORADO PELA CESGRANRIO, EM NÍVEL MÉDIO, COM VISTAS AO CONCURSO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

O texto abaixo é base para a questão 799



Setor de Informações

I

O rapazinho que seguia à minha frente na Visconde de Pirajá abordou um velho que vinha em sentido contrário:

– O senhor pode me informar onde é a Rua Gomes Carneiro?

O velho ficou calado um instante, compenetrado:
– Você vai seguindo por aqui - falou afinal, apontando com o braço: - Ali adiante, depois de passar a praça, dobra à direita. Segue mais dois quarteirões.
Chegando na Lagoa...

Não resisti e me meti no meio:
– Me desculpe, mas Gomes Carneiro é logo ali. Mostrei a esquina, na direção oposta.
– Ah, é aquela ali? – o velho não se abalou: – Pois eu estava certo de que era lá para os lados da Lagoa.

E foi-se embora, muito digno. O rapazinho me agradeceu e foi-se embora também, depois de resmungar:
– Se não sabe informar, por que informa?

Realmente, não há explicação para esta estranha compulsão que a gente sente de dar informação, mesmo que não saiba informar.

II

Pois ali estava eu agora na esquina das Ruas Bulhões de Carvalho e Gomes Carneiro (a tal que o rapazinho procurava), quando fui abordado pelo motorista de um carro à espera do sinal.

– Moço, o senhor pode me mostrar onde fica a casa do sogro do doutor Adolfo?
Seu pedido de informação era tão surpreendente que não resisti e perguntei, para ganhar tempo:
– A casa do sogro do doutor Adolfo?

Ele deixou escapar um suspiro de cansaço:
– O doutor Adolfo me mandou trazer o Dodge dele de Pedro Leopoldo até a casa do sogro, aqui no Rio de Janeiro. O carro está velho, penei como o diabo para trazer até aqui. Perdi o endereço, só sei que é em Copacabana.

O Dodge do doutor Adolfo. O doutor Adolfo de Pedro Leopoldo. Aquilo me soava um tanto familiar:
– Como é o nome do sogro do doutor Adolfo?

Ele coçou a cabeça, encafifado:
– O senhor sabe que não me lembro? Um nome esquisito...
Esse doutor Adolfo de Pedro Leopoldo mora hoje em Belo Horizonte?
– Mora sim senhor.
– Tem um irmão chamado Oswaldo?
– Tem sim senhor.
– Por acaso o nome dele é Adolfo Gusmão?
– Isso mesmo. O senhor sabe onde é que é a casa do sogro dele?

Respirei fundo, mal podendo acreditar:
– Sei. O sogro dele mora na Rua Souza Lima. É aqui pertinho. Você entra por ali, vira aquela esquina, torna a virar a primeira à esquerda...

Ele agradeceu com a maior naturalidade, como se achasse perfeitamente normal que a primeira pessoa abordada numa cidade de alguns milhões de habitantes soubesse onde mora o sogro do doutor Adolfo, de Pedro Leopoldo.

Antes que se fosse, não sei como não me ajoelhei, tomei-lhe a bênção e pedi que me informasse o caminho da morada de Deus. SABINO, Fernando. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 34-39. Adaptado.


799. (PETROBRAS – Téc. Admin. Controle Júnior-2012) O acento grave indicativo de crase está empregado de acordo com a norma-padrão em:

(A) O velho deu à informação errada.
(B) O rapaz disse à todos que sabia o endereço.
(C) O senhor trouxe o carro à Copacabana.
(D) O açougue fica à direita da farmácia.
(E) O motorista seguiu à sinalização das ruas.

Comentários.

Questão sobre crase.

Errada a assertiva (A), porque “a informação” é objeto direto, devendo ser precedida apenas por artigo.

Errada a opção (B), porque não existe crase antes de palavra masculina, muito menos antes de pronome indefinido (todos).

Errada a alternativa (C), porque “Copacabana”! é nome neutro (quem vai a Copacabana volta DE Copacabana. Nesse caso, só há artigo antes de “Copacabana”, o que representa a inexistência de crase.

Correta a assertiva (D), pois a expressão “à direita” é uma locução adverbial feminina, e todas as locuções adverbiais femininas levam crase (ente à esquerda, siga à frente...).

Errada a assertiva (E), porque o verbo “seguir” é transitivo direto (quem segue segue alguma coisa ou alguém), não exigindo, nem aceitando preposição “a”.

Resposta: D.

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