domingo, 25 de março de 2012

SÉRIE QUESTÕES COMENTADAS E RESPONDIDAS 797


A PARTIR DE 19 DE MARÇO DE 2012 E ATÉ 21 DE ABRIL DE 2012, SERÁ POSTADA DIARIAMENTE UMA QUESTÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA DE CONCURSO ELABORADO PELA CESGRANRIO, EM NÍVEL MÉDIO, COM VISTAS AO CONCURSO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

O texto abaixo é base para a questão 797



Setor de Informações

I

O rapazinho que seguia à minha frente na Visconde de Pirajá abordou um velho que vinha em sentido contrário:

– O senhor pode me informar onde é a Rua Gomes Carneiro?

O velho ficou calado um instante, compenetrado:
– Você vai seguindo por aqui - falou afinal, apontando com o braço: - Ali adiante, depois de passar a praça, dobra à direita. Segue mais dois quarteirões.
Chegando na Lagoa...

Não resisti e me meti no meio:
– Me desculpe, mas Gomes Carneiro é logo ali. Mostrei a esquina, na direção oposta.
– Ah, é aquela ali? – o velho não se abalou: – Pois eu estava certo de que era lá para os lados da Lagoa.

E foi-se embora, muito digno. O rapazinho me agradeceu e foi-se embora também, depois de resmungar:
– Se não sabe informar, por que informa?

Realmente, não há explicação para esta estranha compulsão que a gente sente de dar informação, mesmo que não saiba informar.

II

Pois ali estava eu agora na esquina das Ruas Bulhões de Carvalho e Gomes Carneiro (a tal que o rapazinho procurava), quando fui abordado pelo motorista de um carro à espera do sinal.

– Moço, o senhor pode me mostrar onde fica a casa do sogro do doutor Adolfo?
Seu pedido de informação era tão surpreendente que não resisti e perguntei, para ganhar tempo:
– A casa do sogro do doutor Adolfo?

Ele deixou escapar um suspiro de cansaço:
– O doutor Adolfo me mandou trazer o Dodge dele de Pedro Leopoldo até a casa do sogro, aqui no Rio de Janeiro. O carro está velho, penei como o diabo para trazer até aqui. Perdi o endereço, só sei que é em Copacabana.

O Dodge do doutor Adolfo. O doutor Adolfo de Pedro Leopoldo. Aquilo me soava um tanto familiar:
– Como é o nome do sogro do doutor Adolfo?

Ele coçou a cabeça, encafifado:
– O senhor sabe que não me lembro? Um nome esquisito...
Esse doutor Adolfo de Pedro Leopoldo mora hoje em Belo Horizonte?
– Mora sim senhor.
– Tem um irmão chamado Oswaldo?
– Tem sim senhor.
– Por acaso o nome dele é Adolfo Gusmão?
– Isso mesmo. O senhor sabe onde é que é a casa do sogro dele?

Respirei fundo, mal podendo acreditar:
– Sei. O sogro dele mora na Rua Souza Lima. É aqui pertinho. Você entra por ali, vira aquela esquina, torna a virar a primeira à esquerda...

Ele agradeceu com a maior naturalidade, como se achasse perfeitamente normal que a primeira pessoa abordada numa cidade de alguns milhões de habitantes soubesse onde mora o sogro do doutor Adolfo, de Pedro Leopoldo.

Antes que se fosse, não sei como não me ajoelhei, tomei-lhe a bênção e pedi que me informasse o caminho da morada de Deus. SABINO, Fernando. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 34-39. Adaptado.


797. (PETROBRAS – Téc. Admin. Controle Júnior-2012) A análise do texto leva a concluir que são características pessoais do narrador o fato de ele ser

(A) natural de Minas Gerais, desconfiado e religioso
(B) solidário, observador e bem-humorado
(C) natural de Minas Gerais, preconceituoso e bem-humorado
(D) bem situado, intrometido e crente
(E) observador, inconveniente e crédulo

Questão sobre interpretação de texto.

A leitura atenciosa do texto leva o leitor a concluir que o narrador é solidário, porque prestou informações nos dois casos (Partes I e II) do texto, além de ser observador, pois prestou atenção, na Parte I, à informação equivocada prestada pelo velho ao rapazinho e, na Parte II era sabedor da informação desejada pelo motorista. Além disso, percebe-se que o narrador é bem-humorado, especialmente pela parte final do texto (“Antes que se fosse, não sei como não me ajoelhei, tomei-lhe a bênção e pedi que me informasse o caminho da morada de Deus”).

Estão erradas as assertivas (A) e (C), porque não há, no texto, referência ao fato de o narrador ser de Minas Gerais.

Está errada a opção (D), pois não há, no texto, referência ao fato de o narrador ser intrometido. O fato de ter-se oferecido para corrigir uma informação errada, na Parte I, não o faz intrometido.

De igual forma, está errada a assertiva (E), pois não há, no texto, referência que suporte a afirmação de que o narrador seja inconveniente e crédulo.

Resposta: B.

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