quinta-feira, 22 de março de 2012

SÉRIE QUESTÕES COMENTADAS E RESPONDIDAS 794


A PARTIR DE 19 DE MARÇO DE 2012 E ATÉ 21 DE ABRIL DE 2012, SERÁ POSTADA DIARIAMENTE UMA QUESTÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA DE CONCURSO ELABORADO PELA CESGRANRIO, EM NÍVEL MÉDIO, COM VISTAS AO CONCURSO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

O texto abaixo é base para a questão 794



Setor de Informações

I

O rapazinho que seguia à minha frente na Visconde de Pirajá abordou um velho que vinha em sentido contrário:

– O senhor pode me informar onde é a Rua Gomes Carneiro?

O velho ficou calado um instante, compenetrado:
– Você vai seguindo por aqui - falou afinal, apontando com o braço: - Ali adiante, depois de passar a praça, dobra à direita. Segue mais dois quarteirões.
Chegando na Lagoa...

Não resisti e me meti no meio:
– Me desculpe, mas Gomes Carneiro é logo ali. Mostrei a esquina, na direção oposta.
– Ah, é aquela ali? – o velho não se abalou: – Pois eu estava certo de que era lá para os lados da Lagoa.

E foi-se embora, muito digno. O rapazinho me agradeceu e foi-se embora também, depois de resmungar:
– Se não sabe informar, por que informa?

Realmente, não há explicação para esta estranha compulsão que a gente sente de dar informação, mesmo que não saiba informar.

II

Pois ali estava eu agora na esquina das Ruas Bulhões de Carvalho e Gomes Carneiro (a tal que o rapazinho procurava), quando fui abordado pelo motorista de um carro à espera do sinal.

– Moço, o senhor pode me mostrar onde fica a casa do sogro do doutor Adolfo?
Seu pedido de informação era tão surpreendente que não resisti e perguntei, para ganhar tempo:
– A casa do sogro do doutor Adolfo?

Ele deixou escapar um suspiro de cansaço:
– O doutor Adolfo me mandou trazer o Dodge dele de Pedro Leopoldo até a casa do sogro, aqui no Rio de Janeiro. O carro está velho, penei como o diabo para trazer até aqui. Perdi o endereço, só sei que é em Copacabana.

O Dodge do doutor Adolfo. O doutor Adolfo de Pedro Leopoldo. Aquilo me soava um tanto familiar:
– Como é o nome do sogro do doutor Adolfo?

Ele coçou a cabeça, encafifado:
– O senhor sabe que não me lembro? Um nome esquisito...
Esse doutor Adolfo de Pedro Leopoldo mora hoje em Belo Horizonte?
– Mora sim senhor.
– Tem um irmão chamado Oswaldo?
– Tem sim senhor.
– Por acaso o nome dele é Adolfo Gusmão?
– Isso mesmo. O senhor sabe onde é que é a casa do sogro dele?

Respirei fundo, mal podendo acreditar:
– Sei. O sogro dele mora na Rua Souza Lima. É aqui pertinho. Você entra por ali, vira aquela esquina, torna a virar a primeira à esquerda...

Ele agradeceu com a maior naturalidade, como se achasse perfeitamente normal que a primeira pessoa abordada numa cidade de alguns milhões de habitantes soubesse onde mora o sogro do doutor Adolfo, de Pedro Leopoldo.

Antes que se fosse, não sei como não me ajoelhei, tomei-lhe a bênção e pedi que me informasse o caminho da morada de Deus. SABINO, Fernando. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 34-39. Adaptado.


794. (PETROBRAS – Téc. Admin. Controle Júnior-2012) Observe o emprego da palavra mal no período abaixo.

“Respirei fundo, mal podendo acreditar.” (Parte II – 6º parágrafo) Essa palavra é empregada com o mesmo sentido em:

(A) O cantor toca piano muito mal.
(B) A inveja é um mal que deve ser evitado.
(C) O menino não quebrou a vidraça por mal.
(D) Qual é o mal que acomete aquele doente?
(E) O perdedor mal conseguiu esconder sua decepção.

Questão sobre emprego de palavras e classes gramaticais.

No trecho “Respirei fundo, mal podendo acreditar” (Parte II – 6º parágrafo), a palavra “mal” está empregada como advérbio de intensidade, modificando o sentido do verbo “acreditar”, na locução verbal “podendo acreditar”, e pode ser substituída por “pouco” ou “quase não”

Na opção (A), “mal” está empregado como advérbio de modo, mas de forma diferente do emprego na frase do enunciado, pois não traduz “pouco”, e sim “precariamente”.

Na alternativa (B), “mal” está sendo empregado como substantivo, como o oposto de “bem”, portanto de forma diferente à do emprego da frase do enunciado.

Na assertiva (C), “mal” está empregado como “intenção”, “vontade”, diversamente do emprego de “mal” como “pouco”.

Quanto à opção (D), “mal” está empregado como o foi na alternativa “B”, ou seja, como substantivo.

Correta a identidade do vocábulo “mal” na construção da letra (E), porquanto está empregado com igual sentido ao da frase do enunciado, podendo, também, ser substituído por “pouco”.

Resposta: E.

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