quarta-feira, 7 de setembro de 2011

INDEPENDÊNCIA. QUE INDEPENDÊNCIA?



Mais um sete de setembro chega, e novamente nos perguntamos: por que devemos comemorar a Independência? Vamos começar a responder perguntando: independente de quê, se vivemos numa espiral de escândalos que dariam inveja aos povos mais corruptos do mundo? Independentes de quê, se, na saúde, sobra má vontade política e faltam leitos em hospitais e médicos em todo lugar deste país? Independentes de quê, se não temos estradas suficientemente capazes de receber essa crescente frota de automóveis, nem ruas adequadas com calçamento e passeio para pedestres? Que “Independência” é esta que nos querem impingir, se a violência nos assalta a cada instante de todas as formas: homicídios que se decuplicam, roubos que atingem indicadores estratosféricos, explosões de caixas eletrônicos furtos aos milhões, estupros, falcatruas contra a Previdência e tantas outras barbaridades?

Acredito, no entanto, que, de todos esses males, o descaso com a educação é o maior dos crimes que se comete contra o povo brasileiro e, de longe, o argumento mais forte que sustenta nossa “dependência” de tudo. Iniciemos pela política educacional no que diz respeito à formação de professores e pedagogos: não há, ainda hoje, programa eficiente de formação técnica ou humanística voltado para a profissionalização de professores. As universidades brasileiras continuam oferecendo cursos de graduação em diversas áreas de educação, mas ainda com currículos antigos, ultrapassados, especialmente em relação às inovações características desta nova era. A maioria das escolas públicas brasileiras – tanto em nível municipal, quanto estadual ou federal – ainda oferecem professor (quando oferecem), sala de aula (algumas delas não passariam pelo crivo do “habite-se” municipal, tamanho é o descaso), quadro-negro (nas piores condições). Faltou o giz? Não. Não me referi a giz, porque, em milhares de estabelecimentos públicos de ensino, é o professor quem o compra (e paga do seu bolso!) e o leva à sala de aula. Isso somente em relação à formação dos professores e às condições físicas da escolarização brasileira...

Mas há mais. E muito mais. Há o descaso dos governos – nos três âmbitos – com a remuneração dos professores de escolas públicas. Esse governo que aí está, agora com Dilma Rousseff à frente da continuidade da “era Lula”, é o patrono maior do desprezo à educação. O governo do PT, que aguentamos já há quase nove anos, foi quem aprovou o piso mínimo (que já é miserável) do salário dos professores da rede pública. Mas é esse mesmo governo do PT que, em vários estados, inclusive o do Rio Grande do Sul, se nega a pagar o valor do piso. Não me venham com argumentos de que o piso será alcançado gradativamente em quatro anos de governo... Contra isso apenas lembro que isso é lei, foi proposto pela bancada do próprio PT, aprovado com o voto dos deputados e senadores petistas, sancionado pelo Lula e, agora, negado pelos próprios ex-integrantes da “era Lula” (os anos de amargura), hoje no governo dos estados, inclusive no Rio Grande do Sul. Aos que acenam com impossibilidade na capacidade financeira dos estados (Rio Grande do Sul incluído), faço a pergunta: se o piso mínimo para os professores for pago escalonadamente, serão repostos todos os meses em todos os valores devidos desde a entrada em vigência da lei? Desde 1 de janeiro de 2011? Ou não? Se não, é calote, crime de estelionato eleitoral, próprio do PT e de seus dirigentes. Nunca nos esqueçamos dos verdadeiros estelionatos praticados pelo PT contra esta pátria: o mensalão, o caso das loterias, o dossiê dos ‘aloprados’, o caso do caseiro Francenildo ... todos eles (e muitos outros) somente na era Lula; e agora os escândalos nos ministérios: no do Turismo, com a prisão de pelo menos trinta integrantes; no da Agricultura, com Wagner Rossi comandando a roubalheira... ou, então, com o Palocci (de novo?) com a capacidade de multiplicar por vinte seu patrimônio em dois anos...

E o Ministério da Educação? Com Fernando Haddad à frente desde o Lula até agora, o MEC é aquele que, em três edições do Enem, cometeu dezenas de erros graves, com provas mal impressas, com sonegação de informações aos candidatos, com a reimpressão de provas para reaplicação, com a publicação e distribuição de livros de Matemática com erros primários, com a publicação e distribuição de livros de Língua Portuguesa inadequados, que confundem os alunos e ensinam frases com erros crassos de concordância...

Isso é “independência” ou “Independência”? De quem e por quê? E ainda temos de, neste seis de setembro, ouvir a Dilma, em cadeia nacional de rádio e televisão, reafirmando que o Brasil está preparado para qualquer crise monetária internacional... E a nossa crise interna? E a violência em nossas ruas, parques? E as invasões constantes e criminosas do MST, da Vila Campesina e de tantos outros “braços” do PT? E a roubalheira escancarada nos ministérios? E a fome? Tudo isso nos faz independentes de quem?

Sinceramente, não temos o que comemorar.

Prof. Alberto Menegotto.